Seguramente a comunicação foi um dos segmentos mais afetados pela revolução tecnológica. Da forma como obtemos informação até a possibilidade de espalharmos nossas ideias e imagens a um público ilimitado e globalizado, tudo mudou. Na comunicação corporativa, a das empresas, talvez a principal ruptura seja a queda do muro que muitos gestores acreditavam poder erguer em torno de suas práticas e informações. Saímos dos tempos opacos para a era da hipertransparência.
É preciso acordar para a realidade de que não é possível mais editar, modular e esconder a verdade. Ela vai cair em domínio público. Pode não ser imediatamente (o que é o mais comum), mas vai.
O desafio de construir e manter reputações dentro deste ambiente exige uma nova atitude, baseada no fim de storytellings fantasiosos, em que todas as marcas e organizações são heróis infalíveis. Ah, sim. Antes que você pergunte, isso vale também (ou especialmente) para a gestão de risco de imagem – sendo que muitas crises, atualmente, têm sua origem exatamente em ‘inverdades’ ou ‘meias-verdades’ que foram desmascaradas.
Mas vamos a uma agenda positiva. Mapeamos a seguir seis posturas essenciais para construir e manter a reputação neste novo momento:
Verdade – é o ponto de partida. Seja honesto (sem cometer sincericídio). Muitas vezes esconder a verdade pode parecer mais vantajoso no curto prazo, mas o risco de ser pego mentindo é devastador. Toda trajetória tem riquezas e oportunidades reais, sob as quais se deve construir a reputação.
Humildade – empresas e organizações ainda são feitas majoritariamente por seres humanos. E, por melhores que sejamos coletiva ou individualmente, seguimos passíveis de erros. É essencial eliminar a arrogância e infalibilidade do discurso das marcas e assumir nossa imperfeita humanidade.
Melhoria contínua – as marcas erram. Todas. O segredo das bem reputadas é sua disposição para continuamente (e efetivamente) buscar a excelência. Mais importante do que o (inatingível) sucesso eterno, é a garantia de sempre fazer tudo o que for possível para alcança-lo.
Abertura – seja proativo em sua comunicação. Estabeleça laços fortes e próximos com clientes, colaboradores, parceiros. Deixe claras suas crenças e práticas. Tire dúvidas e acate sugestões. Não caia na tentação de agradar a todos, tenha claras as suas escolhas. E as comunique com simpatia.
Visão de longo prazo – a pressão por mostrar resultados agora é um dos grandes inimigos da construção de imagem. Projete sempre o impacto de suas decisões na reputação de sua marca no longo médio e longo prazo. Um prejuízo localizado hoje pode ser menor que a desconstrução de sua história no futuro.
Propósito – deve ser o objetivo final da sua marca. Um porquê além do simples negócio. Uma participação ativa na construção de um benefício efetivo para o todo. Um motivo para que o público torça e até mesmo ajude no seu sucesso.
Imagem de Mark Vegas via Flickr
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