Segundo o dicionário, disrupção é a interrupção do curso normal de um processo. Termo alçado ao olimpo pela revolução tecnológica, a disrupção se impõe quase que como uma questão de sobrevivência em todos os segmentos. Do turismo (Airbnb?) ao bancário (fintechs!).
Mas como ele se aplicaria na indústria de comunicação? Sendo mais específico, o que seria a disrupção no PR (na sigla em inglês usada globalmente para designar o segmento de relações públicas/comunicação corporativa)? E como ele poderia potencializar a construção de reputações?
Uma visão para criar o Disruptive PR (melhor manter tudo em inglês então, não é mesmo?) seria aplicar as potencialidades da comunicação digital ao PR. Quebrar as barreiras entre on e off-line. Aproveitar todas as ferramentas para obtenção de dados e métricas sobre interesses de públicos-alvo específicos. Levar as mensagens-chave diretamente a cada grupo de stakeholders. Reforçar a reputação por meio de conteúdo digital próprio. É isso? Acho pouco.
DE PONTA CABEÇA
Para obter o Disruptive PR, é preciso ir além da visão unificada das mídias e canais. Afinal, isso é obrigação, não inovação - e, muito cá entre nós, se você ou sua agência não usam o modelo DDPA (ou PESO em inglês), algo está beeem errado.
A disrupção está em mudar o ponto de vista sobre todo o processo. Assim, o Disruptive PR coloca de lado (ao menos inicialmente) o meio e focar na mensagem. Privilegia o público-alvo, seus interesses e demandas, em relação ao cliente. Constrói narrativas e/ou ações únicas e diferenciadas, ao invés de apenas dar visibilidade a informações burocráticas. Amplia a força do storytelling com autenticidade, propósito e big-data. É sobre fazer, não apenas falar.
DISRUPTIVE PR NA PRÁTICA
Quer alguns exemplos? Veja nosso case do Projeto “Por uma Cidade Navegável” para o São Paulo Boat Show, quando criamos uma corrida entre uma lancha no rio Tietê e um carro na marginal para reforçar a reputação da maior feira náutica indoor da América Latina.
Ou a ressignificação da indústria de cruzeiros marítimos no Brasil, juntamente com a construção da reputação de um de seus maiores players, a Royal Caribbean. Ela foi formada a partir da visão dos navios de cruzeiros como megaplataformas de conteúdos. E, a partir deste conceito, foram elaboradas ativações especiais para cada tipo de interesse, público e (agora sim) canal/veículo.
NO PAIN, NO GAIN
Sim, são projetos mais complexos e, em alguns casos, necessitam um orçamento maior que o “Conventional” PR. Mais do que isso, o Disruptive PR demanda coragem. Pois é preciso colocar o storytelling em primeiro plano, o tema de interesse do público-alvo como protagonista, enquanto a marca, que usualmente é a dona do holofote, assume o papel de quem faz a mágica acontecer.
Ah, e eu ia quase me esquecendo, a verdadeira disrupção também exige consistência. Os grandes resultados vêm com o tempo e a repetição. Não se constrói uma reputação numa única ativação (por mais genial e bem comunicada que ela seja). No caso do São Paulo Boat Show, por exemplo, foram 4 edições anuais até aqui. E, para a Royal Caribbean, foram dezenas de eventos realizados desde 1999.
Mas, como os cases acima apontam, os resultados também são superlativos. Especialmente no que se refere à construção de reputações. E, muitas vezes, como no caso da Royal Caribbean, podem mudar a maneira como todo um segmento é percebido. Este é o superpoder do Disruptive PR (mas essa questão do enorme potencial de impacto do PR é tema de um próximo artigo imperdível).
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