Não há mais dúvidas que o conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) está integrado ao processo de decisão de investimentos. Esse é um caminho sem volta.
Do lançamento de fundos específicos ao maior ativismo de investidores institucionais, não faltam exemplos que sugerem uma realocação de capital importante na direção da sustentabilidade.
O mercado de capitais costuma ser um bom definidor de melhores práticas. O destaque dos últimos anos de empresas com governança corporativa diferenciada é notável. É verdade que esse tema é constantemente testado e existem desafios, sobretudo no Brasil, mas a discussão do “G” conquistou um nível de maturidade e alcance de forma que todos os stakeholders hoje têm bastante clareza do que precisa ser feito.
A discussão do “E”, talvez devido à maior complexidade, ainda precisa de aprofundamento. Conciliar a expectativa por uma transição rápida para uma economia de baixo carbono com soluções que sejam economicamente viáveis, eficientes e, principalmente, levem em consideração toda a cadeia de produção de valor não é uma tarefa simples. Independentemente das dificuldades encontradas esse é hoje um assunto de altíssima prioridade em praticamente todos os Conselhos de Administração, ao menos de empresas listadas na Bolsa.
E quanto ao Social? Em regra, isolado ou desvinculado das estratégias de negócio, muitas vezes se restringe a algumas ações de responsabilidade social ou se define pela própria necessidade de prestar contas à sociedade.
No entanto, a pandemia da COVID-19 está redefinindo a maneira de como o setor privado se relaciona com seus colaboradores e comunidades. A crise nos deixa lições importantes, como a necessidade do progresso simbiótico entre comunidade e empresas e a, importância do lucro como ferramenta de bem-estar social.
Na Tupy, aderimos ao #nãodemita, transformamos o nosso ginásio de esportes em um Centro de Triagem para atendimento e testagem do coronavírus, com capacidade de atender até 150 pessoas/hora. Construímos macas para hospitais e doamos diversos materiais, serviços e conhecimento – como a criação de um software customizado para a Secretaria de Saúde de Joinville – de forma a suportar as comunidades em que atuamos. E acima de tudo, estimulamos muito o voluntariado.
Recentes exemplos sugerem que é possível conduzir o “S” como um investimento combinando a saúde das pessoas com a saúde financeira da organização. Para aquelas empresas que podem, mais do que um diferencial isso se tornou uma prioridade.
Não podemos esquecer, porém, que na prática o desafio é grande. Afinal, são tempos difíceis, embora alguns argumentem que talvez seja o momento de inflexão para entrada de um capitalismo mais sustentável.
Preocupados em gerenciar a liquidez e aumentar a visibilidade de caixa, muitas empresas não têm balanço para manter sua operação e cooperar com a sociedade. Indo além, precisamos entender em que medida conseguiremos superar um modelo majoritariamente baseado em benefícios fiscais diante de um estado sem recursos.
Mas o fato é que temos condições de colocar em prática a expertise que temos em estabelecer parcerias de valor para o negócio e gerar mais valor para as pessoas e a comunidade. Todos temos responsabilidades a assumir. Agora é o momento de partir para a ação.
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