Diz o ditado que “mar calmo nunca fez bom marinheiro”. O coronavírus coloca à prova empresas e equipes de comunicação para mostrarem ao que vieram. Tempos incertos obrigam a novos direcionamentos para marcas e pautas. Mas se há um ponto que se provou certo, independentemente do segmento de atuação do cliente, é que ser responsável empresarialmente e socialmente é uma questão de sobrevivência da reputação no momento atual.
Com o coronavírus monopolizando a atenção dos veículos de comunicação praticamente em regime 24X7, o jornalismo tem feito o papel de fiscalizador de empresas de produtos e serviços não essenciais que, mesmo na quarentena, continuam se posicionando pela reabertura do comércio e contra o trabalho home office. Muitos porta-vozes, infelizmente, ainda se falam abertamente a favor do lucro em detrimento à saúde e bem-estar de seus colaboradores e do impacto que suas atitudes terão na corporativo e na coletividade em tempos que o número de mortes por COVID-19 aumentam exponencialmente no mundo.
Quanto vale sua reputação?
As empresas que continuam com discurso na contramão do que versam as autoridades de saúde mundiais ou das diretrizes do Estado de Direito, que deve preservar a vida sobre o lucro, não apenas correm o risco de adoecer o seu quadro de funcionários, como correm alto risco de jogar uma pá de terra sobre a própria marca perante a opinião pública.
Ora, não adianta investir muito em publicidade e em RP se a prova de fogo acontece justamente em momentos de crise, em que uma fala errada se torna um anticase em rede nacional. Vivemos não apenas em plena era das redes sociais e dos julgamentos rápidos e afiados na linha de comentários, mas de uma sociedade em que o consumo não está associado a coisas e, sim, a conceitos. Você tem renome e passa confiança por meio de seus produtos, serviços e discursos?
Se a sua marca acredita que ainda vende apenas hambúrguer ou investiu milhões para propagar a venda de uma experiência gastronômica, mas terminou comunicando um experiência indigesta durante a crise do Covid-19, já sabe, né? O coronavírus não diluiu somente o lucro de vendas de muitas companhias, ele também vem demonstrando claramente o seu poder de dissolver a reputação de quem age de forma antiética e irresponsável.
Muita gente mirou no marketing de guerrilha para se sobressair, a qualquer custo, na imprensa, e acabou acertando na crise para o RP. Como bônus, certas marcas ainda precisam lidar com uma crise nas mídias digitais também, envolvendo tuítes ferrenhos e campanhas por boicotes a seus produtos. O resultado é ainda mais desastroso, se pensamos que esse tipo de exposição negativa abre uma enorme vantagem para a concorrência abocanhar seu share of mind e sua tão famigerada fatia de mercado. A pergunta que fica é: valeu a pena sacrificar seu principal ativo?
O valor da responsabilidade
Por outro lado, empresas que tomaram decisões assertivas, responsáveis e solidárias brilharam nos noticiários, vão colher frutos no share of mind, com certeza! A solidez de ações como a da Mercur, por exemplo, que comunicou de forma transparente sua paralisação após o decreto de calamidade pública e a manutenção dos salários de seus funcionários no período que ficarão em casa, eleva muito a imagem e agrega ainda mais valor à marca.
Outras empresas foram além, como o Magazine Luiza e Cacau Show, que fizeram doações para a aquisição de respiradores no combate ao coronavírus e acentuaram a percepção dos meios de comunicação e do público consumidor sobre seus porta-vozes como exemplo de liderança e empatia. O Magazine Luiza também criou uma plataforma para que microempresários possam vender seus produtos online durante o período de isolamento social.
Em um momento em que as redes sociais são as principais protagonistas na quarentena, o processo de construção de atitudes responsáveis, pautadas por uma comunicação transparente, também definirá quais influenciadores, empresas e parceiros poderosos estarão dispostos ou não a associar a imagem deles à sua.
Por isso é importante que sua equipe e seus porta-vozes se perguntarem: o que temos feito pela comunicação? Como podemos nos tornar solidários e usar o poder de influência da marca e, muitas vezes, nosso elevado número de seguidores nas redes, para promover o bem, a solidariedade e disseminar boas práticas durante a quarentena? Estamos apenas sendo reativos ou abrindo janelas de oportunidades na crise para colocar nosso know-how à disposição do coletivo?
O coronavírus se mostra como um grande desafio em tempos incertos, mas, na outra face, também já mostra um grande divisor de águas para o sucesso de quem souber enxergar a responsabilidade como seu maior ativo agora.
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